A pequena jaqueta preta da Chanel
Tókio, Nova Iorque, Taipei, Hong Kong, Londres, Moscou, Sidney, Paris, Berlin, Seul, Milão, Dubai, Pequim e Xangai. Esse foi o caminho que uma pequena jaqueta preta percorreu antes de chegar em São Paulo, onde fica até o primeiro dia do próximo mês, antes de ir pra Singapura. Essa jaqueta “viajante”, na verdade, é a exposição The Little Black Jacket, do preciosíssimo brand Chanel.
Esta é uma das duas exposições “do momento” na paulicéia, junto com a do Stanley Kubrick, no Museu da Imagem e do Som. A Black Jacket se torna especial por alguns motivos: primeiro pelo lugar onde “a jaqueta” se instalou. Pra quem não conhece São Paulo, no meio da área verde mais charmosa da cidade — o Parque do Ibirapuera —, fica a Oca, que é um espaço projetado pelo Oscar Niermeyer.
Confesso que fiquei até um pouco “intimidado” ao entrar na exposição, pois a prestigiei em um ensolarado “dia de parque”, com o clássico “combo” bermuda e chinelão. Acabei entrando em um local com todo o requinte da marca francesa, recepcionado por modelos com alinhadas roupas do legado de Coco.
O segundo motivo são os nomes por trás da exposição. O styling é da Carine Roitfeld, que foi editora chefe da Revista Vogue Paris por dez anos. Ademais, o grande nome por trás de tudo isso é o Karl Lagerfeld, um dos estilistas mais excêntricos e relevantes do século. Me lembro de quando ele veio para o Brasil e deu uma entrevista para o Fantástico, e enquanto ele falava de sua vida — ostentando roupas pretas, óculos escuros e um prateado rabinho de cavalo —, pensei silenciosamente: “que velho foda”. Paralelamente a isso, minha família comentava na sala (adoro os comentários da família): “que velho ridículo”.
Mas claro, nenhum desses motivos seria válido para virar um post do Gato se a exposição, de fato, não fosse bem legal. Ela une alguns “ingredientes” muito bons, além da moda — que ao meu ver nada mais é do que a primeira forma com que uma pessoa consegue se expressar (ou se reprimir) — e toda a simbologia da Chanel por sua revolução nos trajes femininos. É muito legal a forma com que utilizaram o espaço da Oca: um ambiente escuro, elegante e com inúmeras fotografias em preto e branco.
Quanto aos modelos que lá aparecem, acredito que seja a realização máxima para quem gosta de ser fotografado, estar presente nas fotos de Lagerfeld. São nomes como Yoko Ono, Alice Dellal, Charlotte Casiraghi, Keira Knightley, Riccardo Tisci, Joan Smallse e a fidèle brasileira da marca, Laura Neiva. Todos usando de alguma forma a jaqueta que é ícone de um dos brands mais bem trabalhados do mundo, em um ensaio lindíssimo. Assumo que essa experiência foi uma massagem para o meu lado “gestor de marcas” e “profissional de eventos”, além de admirador da fotografia… e claro, de vagabundo também, afinal de contas, nada como dar uma voltinha no Ibira em um dia de semana pela manhã!
Fotos: divulgação
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