Um sonho Nerd, uma realidade possível
Um olhar sobre a primeira Comic Con Brasileira.
Nessa vida, grande parte dos nerds (ou pelo menos eu) possui dois sonhos:
1 – Ir na semana do Star Wars na Disney
2 – Ir na San Diego Comi-Con
Mas apesar do nosso mundo globalizado, é muito complicado para a grande maioria conseguir alcançar isso — ou pela dificuldade de conseguir ingressos para a Comic-Con, ou pela grana que tem que desembolsar para ir para os Estados Unidos hoje em dia. De qualquer forma, essa semana um grande sonho dos nerds brasileiros, inclusive esse que vos escreve, foi realizado: a primeira Comic Con no Brasil nos formatos internacionais a Comic Com Experience (CCXP)!
Mas pera aí. Porque não tem o hífen na Comic Con Experience?
Simples: o nome Comic-Con pertence a outro dono e os organizadores da Comic Con Experience, para não entrar em problemas legais, se utilizaram desse artifício. Basicamente é um evento particular não filiado a qualquer outra “Con” que existe.
Bem, batalhas judiciais à parte, posso dizer que essa CCXP foi incrível desde o começo e devo, antes de tudo, elogiar a organização e estrutura. Mesmo sendo o primeiro ano, o pessoal do Omelete e da Chiaroscuro deram um show trazendo tudo o que tiraram dos anos de cobertura das convenções lá de fora. Eles conseguiram fazer um evento em que houve de tudo para agradar os fãs da cultura nerd/pop, com espaço suficiente para que as pessoas andassem, com uma praça de alimentação que comportou bem as pessoas e principalmente, com atrações e painéis excelentes.
Cheguei na quinta-feira no Centro de Exposições Imigrantes por volta das 11h30, sabia que a abertura seria às 12h e queria entrar rapidamente, mas minha surpresa foi ver que já havia muita gente na fila. Achei incrível que tantas pessoas já estavam tão ansiosas quanto eu.
Imaginei que a fila seria um grande problema, como em todo evento, mas vi uma boa organização para um primeiro dia. Separadas por baias, eles iam liberando um de cada vez e assim todos entraram sem empurra-empurra e sem confusão.
Lá você já via um universo incrível, cheio das estatuetas e bonecos colecionáveis que todo mundo baba e um espaço de exposições completamente tomado por coisas legais.
Logo na primeira volta já reparei que cada stand teria sua própria programação de atividades, além da programação oficial, e isso tudo podia ser consultado no aplicativo do evento. Como era o primeiro dia e em plena quinta-feira, estava bem tranqüilo para visitar qualquer stand e painel, sem muitas filas e sem muito tumulto.
O primeiro dia correu muito bem com os painéis, sempre bem cheios, e com a organização funcionando bem, tanto nos espaços dentro do evento, quanto fora, no estacionamento. Aliás, sempre preste atenção para não deixar o farol do carro aceso, nem todo estacionamento vai ter um equipamento para dar carga na bateria.
Nos demais dias, o evento começou a lotar. Mais pessoas, mais cosplayers, mais gente empolgada, mais gente louca e principalmente, mais gente feliz!
No segundo dia destinei a parte da manhã em olhar todo o Artist Alley, que nada mais era do que o espaço onde muitos artistas independentes estavam vendendo suas HQs, mangás, coletâneas de tirinhas, pôsteres, etc. Estavam lá artistas nacionais extremamente renomados como Gabriel Bá e Fábio Moon (Daytriper e Umbrella Academy), Ronilson Freire (Green Hornet), Murilo Martins (Love Hurts e Eu sou um Pastor Alemão), Carlos Ruas (Um sábado qualquer), Yoshi Itice (Batsuman) e muitos outros.
Para um cara que curte HQs, foi uma experiência incrível conhecer todos esses artistas e muitos outros que estavam por lá. Saí com a mochila abarrotada de HQs e diversos pôsteres (que não faço ideia onde colocar em casa, mas isso não vem ao caso…).
De qualquer forma, na sexta-feira é que começou a ficar mais complicado entrar nos painéis. Quem deixou para ir em cima da hora não conseguiu entrar devido ao numero “limitado” do auditório principal. “Limitado” porque, apesar dos dois mil lugares, estava tudo bem cheio. Isso ficou mais evidente no sábado e domingo, onde as pessoas tinham que chegar na porta do auditório com uma boa antecedência. Claro que isso era passivo de acontecer — deixar algumas pessoas frustradas — e talvez a capacidade do auditório seja algo para se aumentar na próxima edição, mas todos que entraram nos painéis viram pessoas apaixonadas pelo que fazem falando sobre o que acontece no mercado de cada um.
Com painéis da DC, Marvel, Paramount, Fox, Disney/Pixar, Warner e discussões sobre temas nerds mais atuais, como o novo Star Wars, Senhor dos Anéis (que contou com a com a presença do ator Sean Astin) e Game of Thrones (Com Jason Momoa e Lino Facioli).
No fim, tudo não passou de uma experiência incrível e, como os próprios organizadores falaram com a hashtag, #foiépico.
Para o mercado brasileiro, muito carente de investimento e de incentivos para quadrinistas, foi possível entrar em contato com seus ídolos e interagir com gente apaixonada que ama esse universo da cultura pop/nerd. Ver coisas que dificilmente apareceriam por aqui, conhecer muito sobre coisas novas que estão para rolar, comprar coisas legais de quadrinhos e brinquedos e ter realmente uma Comic Com Experience.
Se foi tudo perfeito? Não foi. Mas foi até melhor do que eu podia esperar.
No próximo ano eles precisam resolver alguns problemas, como o banheiro no auditório principal, no qual as pessoas saiam e tinham que voltar para a fila gigantesca, os valores altos da comida na praça de alimentação, colocarem — talvez — mais tomadas para carregar celular (esse foi uma excelente sacada, mas era muito celular) e maior instrução dos voluntários para quando pode ou não tirar foto dos artistas nos painéis.
Mais uma vez, parabéns aos organizadores! E “bora” aguardar a CCXP 2015 que será de 3 a 6 de dezembro do próximo ano.
Deixo a edição desse ano com a sensação de que coisas extraordinárias podem sim acontecer, basta que se tenha vontade e capacidade de fazer. Essa primeira experiência vai ficar pra sempre marcada em muitas pessoas e as expectativas são altas para o próximo ano.
Observação: se você está se perguntando porque não citei a Brasil Comic Con, bem, o formato foi mais próximo ao Anime Friends, produzido pela mesma empresa. Não tinha o padrão “gringo” da CCXP, então não entra na comparação.
Comentários