Bath – “Todos os caminhos levam a Roma”
Ontem acordamos às 6 horas da manhã de um dia ensolarado para visitar Bath, cidade na Inglaterra situada a oeste de Londres. O dia, portanto, já tinha começado com duas raridades quase inéditas: o casal dorminhoco acordara junto com o galo cantando em pleno domingão, e a cinzenta Londres amanhecera com um céu azul da cor do mar – e sem uma nuvem sequer. Posso dizer que foi um dia abençoado.
Os 156 km que separam Londres de Bath são de tirar o fôlego. Ovelhas na estrada, casinhas de tijolo e igrejinhas fofas me obrigavam a todo momento fazer um comentário do tipo “quero morar aí”, “que coisa mais linda” e por aí vai. Se não fosse o mal humorado motorista da van que xingava os outros motoristas a cada minuto, ia ser um bate-volta perfeito.
Fomos até lá para conhecer a principal atração da cidade: “The Roman Baths”, os Banhos Romanos. Aqui vai um breve resumo: tudo começou a muitos e muitos anos atrás, 43 d.C para ser mais específico – época da invasão romana nas Ilhas Britânicas. Após a invasão, os romanos localizaram as nascentes quentes em Bath e decidiram construir lá seus banhos – piscinas de águas quentes utilizadas para lazer, local de reuniões, etc. Na maior das nascentes, que batizaram de Nascente Sagrada, lá faziam culto e ofertas a Sulis Minerva – homenagem à divindade celta da nascente, Sulis, conhecida como Minerva pelos romanos. Além disso alguns conjuntos de banhos eram dedicados a higiene dos romanos, enquanto outros tinham finalidades terapêuticas. Porém, com a partida dos romanos, quase tudo foi destruído e soterrado. As termas, a partir de então, foram submetidas a diversas modificações, e foi só a partir do começo do século 18 que escavaram e descobriram esse tesouro, o pouco dos resquícios romanos na terra da Rainha./
Aqui acaba uma história e começa a experiência de uma pessoa que nasceu quase 2.000 anos depois desses acontecimentos. Graças à preservação desses monumentos, – hoje os Banhos Romanos são Patrimônio Mundial – nós turistas temos o privilégio de ver o que os romanos vivenciaram. Mas para mim estar lá foi um misto de conforto e desânimo. Conforto porque eu estava cercada de uma arquitetura belíssima, próxima a águas termais com temperatura constante de 46,5ºC – muito aconchegante para um dia com temperatura aproximada de 0ºC. Mas por outro lado é angustiante pensar na quantidade de escravos que esse lugar deve ter “abrigado”.
Porém a cidade de Bath, de qualquer modo, é uma cidade que ouvi muito falar desde que cheguei em Londres, e só chegando lá entendi o porquê de ser tão comentada. Além dos Banhos Romanos a charmosa cidadezinha a beira do rio Avon abriga uma linda catedral, ótimos cafés e restaurantes (o melhor brownie que comi na minha vida veio de um café de lá), e além disso há diversos spas termais espalhados na cidade – versão moderna das piscinas romanas – para quem quiser relaxar a preços não tanto salgados (a entrada custa a partir de 15 libras). Voltei com vontade de ficar mais. Quem sabe na minha próxima visita não curto um banho terapêutico a là romanos??
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