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La Victoria – aconchego boêmio

por Fernanda Miranda, 15 de março de 2013
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Mesmo a muitos e muitos quilômetros de distância, com um imenso oceano nos separando de nossa casa, a gente sempre dá um jeito de “voltar” ao nosso país. Seja ouvindo uma música, saboreando uma comida da nossa terrinha, vendo fotos, e por aí vai. Assim foi com minha amiga coreana, que me levou tantas vezes ao seu restaurante coreano favorito em Londres, feliz por apresentar os sabores de Seoul. Ou também com a moça do Japão com quem moro agora, que adora me mostrar as fotos do seu gatinho que está tão longe, e até costuma cozinhar uma (horrível) comida japonesa. Mas claro, nem sempre o que nos remete ao nosso lar é algo tão característico assim. Um café, um bar, e porque não uma praça também são cenários que muitas vezes recorremos e lembramos de um pedacinho do que é “nosso”.

O La Victoria, um espaço cultural em Madrid, é um desses lugares que fez eu me sentir novamente em casa. Provavelmente porque este bar/casa de shows/teatro é totalmente universal. Ele poderia estar em São Paulo, em Londres, em Madrid, no Rio de Janeiro ou em qualquer outro lugar do mundo. Neste caso, ele fica numa rua cheio de coisas interessantes no bairro de Lavapiés.  A Calle Santa Isabel, além do La Victoria, tem um cinema alternativo incrível chamado Cine Doré; um bar de tapas com as tostadas mais gostosas que já comi e muitos jogos de tabuleiro, a Taberna Encantada; e como se não bastasse, a rua termina na praça onde fica o Museu Reina Sofía – o museu que, entre outras preciosidades,  abriga o maravilhoso quadro “Guernica”, de Pablo Picasso.

Inaugurada há menos de 6 meses, embora esteja em uma casa centenária, o La VictoriaLaVictoria1 é dividido em dois andares. A parte superior é um bar e também é onde rola alguns shows. As paredes desse andar é dedicada a exposições de obras de arte, uma mais linda que a outra. Também tem um piano no cantinho pra quem quiser tocar, sofás confortáveis, e até uma almofada forrada com uma embalagem do “Café Brasil” – pequenos detalhes que fazem toda a diferença. Já a parte inferior da casa é chamada “Sala Samotracia”, a sala de teatro onde, além de peças, há também oficinas e shows. Com capacidade para 50 pessoas, o tamanho da sala faz com que o espectador, vendo a peça mais de perto, tenha uma relação de maior intensidade com a obra.

 

Em síntese o La Victoria é um espaço que pode te seduzir por diversos motivos. No meu
caso foi graças à música. Um dia, depois de sair do Reina Sofía, estava vagueando pelas ruas quando de repente ouvi jazz ao vivo saindo de algum lugar. Era ali! E sim, o La Victoria é um espaço pequeno, e o show de jazz estava lotado, mas neste caso o “pequeno” vira uma qualidade. Um dos motivos de ser tão especial, e por me sentir tão em casa, é ele ser assim, pequeno, aconchegante. Voltei lá algumas outras vezes e a cada dia me apaixonei mais por esse lugar, sempre por um motivo diferente. E sempre com a sensação de estar em “casa”. Lar doce lar.

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LaVictoria

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Fernanda Miranda

Recém-formada em jornalismo e editora do Não Só o Gato. Ama história em quadrinhos, os textos da jornalista Eliane Brum, as trilhas sonoras dos filmes do Woody Allen e azeitonas.

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