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Electric Ladyland – arte fluorescente

por Fernanda Miranda, 4 de abril de 2013
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EntradaNick Padalino e Michele Delage. Ele é nova-iorquino. Ela, de Paris. Se conheceram em Amsterdam há muitos anos, e é graças a esse encontro que hoje existe o Electric Ladyland.

Antes de irmos pra lá, eu só sabia uma informação sobre o local: o Electric Ladyland é o primeiro museu de arte fluorescente no mundo, um título totalmente instigante.

Caminhando pelas ruas estreitas de Amsterdã cobertas com suas bicicletas, meus olhos buscavam um museu daqueles que geralmente conhecemos: grande, imponente, com muitas pessoas ao redor. Mas não, o Electric Ladyland é um museu diferente e por isso que é tão especial. O que eu encontrei ao chegar lá foi uma casa, no meio de tantas outras, que só se destacava pela plaquinha se identificando. Eu bati na porta e entrei.

Entrada 2Entrei numa pequena sala povoada de informação, demorou um pouco para digerir tudo o que tinha lá. Quadros, fotos, estantes, pedras, cores, muitas cores. Só depois percebi cinco jovens olhando pra mim. E uma velhinha. “Oi, eu sou a Michele, tire os sapatos que você já vai entrar com o grupo”. Ela, que com certeza era muito bonita quando jovem, começou a me explicar sobre o museu. Disse que havia outro grupo lá embaixo sendo guiado pelo seu namorado, e que assim que eles subissem nós iríamos descer. Enquanto isso ela sacou um livro que explicava um pouco sobre a história da fluorescência. Sem a gente perceber, coisas que utilizamos no dia-a-dia são fluorescentes, como o tomate, o pimentão, a alface, a cebola, algumas flores, pedras, conchas e até as nossas unhas, dentes e olhos emitem um branco intenso sob a luz negra. Aquele tanto de coisa que estava exposto na “sala de espera”, portanto, era só uma pequena demonstração do que iríamos ver adiante.

NickLá embaixo fomos recebidos pelo Nick, um velho com uma barba branca invejável, estilo único. Ele era a síntese do que eu estava esperando de um museu como esse. Naquela sala apertada é onde fica a grande atração de lá, uma grande obra fluorescente feita pelo próprio Nick que pega quase metade da sala, onde o público pode entrar e interagir. Por isso todos os visitantes têm que tirar o sapato. O Nick explicou que a idéia da obra é justamente a gente se sentir parte dela. Para ele, obras fluorescentes na parede não são o suficiente e para nos sentirmos parte dela, Nick teve que caprichar. A obra demorou sete anos para ficar pronta.“Não é simplesmente pintar. É montar uma composição, uma idéia. Para dar esse efeito, tive que repintar algumas partes em mais de quinze camadas. Os detalhes são muito importantes também”. E fica claro que sua intenção e todo esforço não foi em vão. A experiência do público é totalmente psicodélica.

Arte 3

O esforço e dedicação desse casal, porém, vai muito além dessa obra e muito além dos 15 anos que existe o museu. Interessados no “ramo” há quase 30 anos, eles possuem um acervo de conchas do Havaí, pedras do Brasil e mais outras pedras raras de se encontrar que emitem brilhos hipnotizantes. No acervo também tem coleção de giz, quadros e até cartões de crédito fluorescentes (um, inclusive, que quando passa a luz negra por cima vemos a imagem eternizada de Einstein com a língua pra fora impressa).

Pedras

O museu é muito além do curioso, pois lá também é história. História criada por um casal lindo, de marcas e aventuras, que foi reunida num museu que não é um museu, mas a extensão de duas vidas.

Arte

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Arte 2

Fernanda Miranda

Recém-formada em jornalismo e editora do Não Só o Gato. Ama história em quadrinhos, os textos da jornalista Eliane Brum, as trilhas sonoras dos filmes do Woody Allen e azeitonas.

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