A arte do Coletivo Consciente
Lugar de arte é no museu. Só artista pode fazer arte. Poesia é um formato rebuscado.
Foi para provar justamente o contrário que surgiu o Coletivo Consciente. Formado por um grupo independente de artistas com os mais diferentes backgrounds, eles se reuniram pela causa comum de fazer e espalhar arte pela cidade e pela vida das pessoas.
O nome Coletivo não foi escolhido por acaso, a ideia desse grupo diverso e híbrido, é trabalhar de forma colaborativa, na parceria e em transformação constante. Indo na contramão da imagem de arte como algo descolado do dia-a-dia das pessoas.
O Coletivo Consciente deseja estimular o lado artístico que todo mundo tem. E o evento ComVerso realizado quinzenalmente, às terças-feiras, na Comuna, é a concretização dessa proposta. A entrada é franca e diversos artistas participam lendo poesias, alguns inclusive acompanhados de instrumentos musicais. O palco se torna lugar de experimentações onde vale esquecer e vale improvisar.
Além de poesia, também acontecem pinturas ao vivo e projeções de imagens e vídeos. Dando forma a um evento dinâmico, informal e verdadeiro, feito por pessoas que estão começando ou que já são experientes na arte dos versos.
“A gente sempre quis essa coisa do acesso mais direto e simplificado, e em nichos que não são os habituais. É fácil levar poesia para um café literário e para uma livraria, mas não para um lugar underground”, conta Rita Sinara, atriz, poetisa, escritora e uma das idealizadoras do Consciente Coletivo.
E foi justamente quebrando o consenso e fugindo do lugar comum, que o Coletivo Consciente começou. Hoje ele é um corpo de 5 pessoas com diversos braços, entre bandas, fotógrafos, designers, artistas plásticos e outros, mas o início foi pequeno e espontâneo. Na melhor definição do “Vai lá e faz”, entendendo que a metamorfose faz parte do processo.
Começaram há cerca de um ano e meio, no botequim Marquês da Gávea, onde se tomava cerveja com clima de cinema. A cada semana era exibido um filme curta-metragem, sempre seguido por um debate informal com alguém que havia participado do filme, como o diretor ou alguém do elenco. Já passaram por lá filmes como ‘O desaparecimento de Álvaro Tenente’ de Daniel Bouzas e ‘Souvenirs de Verão’ produzido pelos alunos da PUC-RJ, e selecionado para o Festival do Rio 2012.
O nome do evento não poderia ser mais pertinente: Na/No. Como não havia um espaço pré-determinado, e ele era itinerante, então podia ser Na… Casa da Gávea, ou No… Marquês. Além de também significar NaNo, curta, pequeno. Apenas o sucesso da iniciativa não foi “Na/No”, o evento acontece até hoje. Só que agora em temporada no Comuna, e acompanhado de shows ao vivo.
Seja com belas poesias do ComVerso, curtas-metragens, intervenções pelas ruas cariocas ou com a web-série que estão estruturando, o Coletivo já revelou que o segredo é botar a ideia na rua e encontrar semelhantes que compartilhem da mesma paixão. E aí a inovação, a criação de valor para a cena cultural e para a vida das pessoas, se torna consequência natural. Uma consequência que transforma, e que como bem colocado por Rita Sinara, é atemporal, nunca sai de moda e sofistica a sociedade.
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