“Arnovú”
“Old Sport”, uma expressão do começo século passado, era a forma que um cavalheiro poderia se dirigir ao outro, geralmente em festas em jardins de casas requintadas. Tal expressão foi difundida em livros do escritor estadunidense Scott Fitzgerald, em especial pelo seu personagem Jay Gatsby – que no cinema já foi vivido por Robert Redford (1974) e este ano será interpretado por Leonardo Di Caprio, que é um ricaço que gasta sua fortuna com festas homéricas em seu casarão. Casarão art nouvea, claro. O romance de “The Great Gatsby” se passa em 1922, época que em quase todo o mundo ocidental nada era mais sofisticado do que copiar todas as tendências estéticas de Paris.
http://www.youtube.com/watch?v=dEY-oQ0lDHY
Digo isso porque neste final semana conheci um palacete art nouvea, em um lugar absolutamente inesperado. Na cidade de Salamanca, na Espanha.
Salamanca é uma daquelas cidades europeias com inúmeras construções medievais, ruas de pedra, uma universidade que fica em um castelo e foi no meio dessa “história toda” que vi a La Casa Lis – palacete do começo do século XX – e fiquei encantado com tanta “modernidade” arquitetônica. A primeira coisa que pensei: “Que isso? É a casa do Gatsby?”
Logo descobri que não precisaria de um black tie para entrar na Casa Lis, apenas de 3 euros, pois lá funciona o “Museo Art Nouveau y Art Deco”. Nada mais justo.
Com certeza, junto com a Tabacalera, esse é o lugar que mais me agradou na Espanha até então, e isso se deve pela sua estrutura, pois o palacete tem a peculiaridade de estar em uma região alta da cidade, tendo uma das melhores vistas de Salamanca, além de, falo sem medo de errar, possuir a claraboia mais bonita que eu já vi. Nem em Paris eu vi algo mais francês do que isso rs.
Outra coisa que encanta do lugar, e não poderia ser diferente, é o acervo. Foi a primeira vez que entrei em um museu e pensei algumas vezes, “nossa, queria isso pra minha casa”. O primeiro andar da casa é repleto de esculturas com temas alegres, bem datados do inicio do século XX. São muitas obras como pierrôs e bailarinas. O museu é um cenário perfeito para um baile de máscaras daqueles bem tradicionais.
No segundo andar da casa, a predominância de brinquedos com cerca de um século faz qualquer adulto virar criança, lá é possível ver o carrinho de brinquedo dos sonhos de qualquer marmanjo ou a boneca de porcelana dos sonhos de qualquer menina de 50 anos de idade. É muito legal, uma sensação muito mais intensa do que qualquer feira vintage poderia proporcionar.
Como uma das metas do site também é encontrar o “café perfeito”, foi ótimo saber que a cafeteria do lugar entra muito forte no páreo. Acho até que em termos de estrutura é a mais legal que eu conheço, porque as janelas são vitrais belíssimos, com uma baita vista pra cidade, enfim… é um café desses que tem que parar para ler pelo menos uns 3 capítulos de um bom livro, ver os e-mails, Facebook e, inspirado pelo clima do lugar, falar “Por favor, um duplo macchiato, Old Sport”.
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