movin: moda atemporal sustentável
Adoro moda. Muito. E é exatamente por gostar tanto que me sinto na obrigação de ter um olhar crítico sobre suas manifestações, até porque moda para mim é mesmo um veículo do manifesto pessoal. Pode ser recurso libertador, deve inspirar, permite arroubos criativos e até expressões políticas. Ninguém está imune a ela – ainda que muitos gostem de fingir que sim. Nesse sentido, não encaro o tema apenas com o deslumbre que lhe é comum, e me animo quando dou de cara com iniciativas inovadoras, que não fogem de suas responsabilidades (como eventualmente acontece na cena): assim foi com a movin.
Conheci a marca quando estive no Circo Digital #4 (eles apoiaram o evento com roupas para o staff, e estiveram presentes com um stand onde rolou até sorteio de brindes e descontos generosos) e logo me interessei pela proposta: moda atemporal, básica, mas moderna, feita com materiais reaproveitados, alternativos e sustentáveis, como me explicou de cara o Alexandre Morita, estilista. Olhei atentamente as peças e minha curiosidade ficou aguçada. Corri atrás e marquei uma conversa com o Pedro Ruffier, CEO da movin, na loja que fica em Ipanema.
Pedro me pareceu a perfeita tradução do jovem de hoje, empreendedor e ao mesmo tempo conectado com as necessidades de sua comunidade. No ambiente clean e condizente com a estética da movin, ele me contou que assim que entrou na faculdade de marketing começou a pesquisar produtos e materiais, construindo pouco a pouco o projeto e abrindo a loja ao se formar. “Sempre gostei dessa questão de estética e tecnologia, e também sou muito ligado à sustentabilidade, já que fui criado em fazenda, valorizando o orgânico”, justificou.
Quando questionei “porque o ramo da moda”, Pedro explicou que entendeu este como o ambiente perfeito para começar um negócio e gerar comportamento. Tem isso, a movin não é só uma marca de roupa, mas um estilo de vida, que valoriza não apenas o consumo de roupas de materiais alternativos, mas um consumo consciente, uma existência conectada com a natureza, a prática de esportes… Tudo isso me soou extremamente carioca, típico do lifestyle da galera daqui. Ambicioso, Pedro me revelou muitos planos para o futuro da movin (exemplo simples, o cabide da loja é de material reciclado e, no futuro e por meio de uma parceria, será vendido).
É revigorante ver gente buscando novas formas de fazer negócios antigos, e o que me parece merecer atenção nessa história toda é o fato de o discurso não ser da boca para fora. “Na nossa proposta de ser sustentável, essa moda atemporal é justamente uma moda repensada. Hoje em dia, bilhões de toneladas de roupas são jogadas fora, são roupas passageiras, que passam junto com a tendência. Queremos combater isso, temos vários produtos na loja que fazem parte da nossa primeira coleção”, Pedro explica. Ele me contou, inclusive, que a movin já produziu mochilas de estofado de carro, um material novo que é jogado fora quando as pessoas o trocam pelo couro (!!!).
E o que essas roupas feitas de orgânicos, reciclados, reutilizados e alternativos têm? Uma aura esportiva em linhas básicas e – é claro – informação fashion (achei o color blocking fortíssimo no easysummer2013/14). “Nossa criação, independente de coleções sazonais, sempre parte de um fundamento esportivo, que direciona o estilo para peças funcionais e confortáveis. Referências loungewear também nos orientam. Para o easysummer2013/14 pensamos muito em surfwear e, para a cartela de cores, nos inspiramos em fotos do japonês Yu Yamauchi”, me situou Alexandre.
E aí está. Um exemplo de que moda e conceito, posição política, podem andar juntinhos, na mais perfeita harmonia. Um exemplo de que negócios e consumo consciente devem aprender a coexistir. Um exemplo de que aquilo que vestimos pode remeter a um estilo de vida “mais moderado”, como mencionou Alexandre, mas estiloso – por favor e obrigada.
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