Todos julgam Mr. Brainwash
Antes de ler esta experiência, o ideal seria vocês assistirem o documentário abaixo. Foi feito por um dos, talvez o maior, nome da arte urbana do mundo. O subversivo Banksy. Caso vocês não tenham tempo ou interesse, tudo bem. Tentarei resumir a história em poucas palavras abaixo.
http://www.youtube.com/watch?v=0N_JrGo0c9g
Banksy possui um estilo especialmente agradável aos meus olhos. Ao contrário da maioria dos grafites que vemos no Brasil, – poluídos, overs, muita cor, tamanho e pouco conceito – esse cara consegue fazer sacadas dignas de um chargista de primeira, só que em lugares muito mais arrojados que uma tira de papel. Que bom seria se todos que quisessem se expressar tivessem o mesmo repertório desse maluco.
Em seu documentário, Banksy relata a história de outro cara, chamado Thierry Guetta, um homem que possui uma paixão que é pegar sua filmadora e gravar tudo que vê. Por ironia do destino esse cara é primo do homem que me despertou o interesse pela arte urbana, o francês Space Invader. Em determinada ocasião Thierry descobriu a sina de seu primo e passou a segui-lo pelas noites com sua filmadora na mão. Com o tempo Thierry começou a seguir alguns outros artistas, porém sempre seu maior sonho era filmar as noites de Banksy. Missão quase impossível já que Banky é tipo o Batman, tem sua identidade secreta, ninguém viu seu rosto ou sabe onde ele mora. Por ironia do destino Thierry e Banksy se encontram e o badalado artista passa a ter um seguidor pelas noites.
Não preciso nem dizer que Thierry é o cara que talvez tenha o maior acervo de imagens de arte urbana do mundo.
Durante todo o documentário somos sugeridos a acreditar que Brainwash é um cara bem doido. Pesquisando pela internet até achei a seguinte crítica: “Um filme sobre um retardado ou um filme sobre como a sociedade consumista cai por qualquer bobagem (os tolos maiores). Ou apenas uma grande brincadeira. De qualquer forma, faz pensar.”
Como suspeitava, após ver pessoalmente a obra de Thierry, discordei ferozmente desta crítica. A verdade é que vimos a fina flor da arte urbana na exposição do Mr. Brainwash.
Já na entrada da galeria vimos inúmeras referências pop: Beatles, a rainha mãe, Mel Gibson, Jimi Hendrix, tropas imperiais do Star Wars, o guitarrista Slash, Andy Warhol, Madonna, Ray Charles, Walt Disney e sua criação mais famosa, Brad Pitt e sua mulher tão formosa e muito mais. Enfim, muitos ícones.
Claro. Sabemos que dificilmente o artista domine tantas técnicas. Na exposição vimos o total domínio do spray, tinta óleo, acrílica, photoshop, esculturas, materiais reciclados, solda e tudo mais. A técnica para fazer um gorila gigante de pneus é assombrosa. Realmente acredito que Thierry seja responsável apenas pela parte conceitual da exposição. Mas que conceito ein! Quanto à crítica que coloquei acima, parece que Banksy conseguiu fazer o que eu acho que queria: fazer as pessoas falarem de uma coisa que se quer conhecem, apenas com as informações de um documentário. A “sociedade consumista” consumiu mais um filme e suas informações. Aliás, difícil não imaginar que o case Brainwash não é mais uma obra prima do Banksy.
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