Os Siderais – O Funk Rock do Neofanfarrismo
A primeira coisa a se considerar sobre Os Siderais é que “funk rock do neofanfarrismo” é uma definição bem adequada para o som deles. Qualquer outra explicação não entregaria a proposta desse conjunto espacial.
Os metais e a percussão são realmente protagonistas, mas Os Siderais são um conjunto de vários elementos. Performance, arte circense, atitude e bagunça, esta última no sentido mais participativo e carnavalesco da palavra.
http://youtu.be/kP1lK8EmiqU
No último domingo eles se apresentaram em uma casa embaixo do último arco da Lapa, na famosa ladeirinha, e essa foi a primeira vez que os vi ao vivo. O show começou já na rua, embaixo dos Arcos, trombone, trompete, tuba, caixa e sax, todos juntos criando um som chamado Fanfarra, também conhecido como brassband.
O estilo Brassband define conjuntos musicais formados por metais acompanhados de percussão. Um ritmo que te coloca para dançar logo na primeira nota, e que no caso dos Siderais reúne uma mistureba extasiante de influências como Fela Kuti, Rolling Stones, Os Mutantes e mais um monte de artistas incríveis que ajudam a criar o som cósmico psicodélico neo-fanfarrísmo da banda.
A ideia de reunir música, performance, arte circense e atitude política representa muito bem a arte de rua carioca. E o apoio ao artista de rua é uma das causas da banda, assim como a defesa da liberdade de ir e vir, de expressar e manifestar.
A banda se apresentou no Ocupa Lapa, evento que ocupou culturalmente as ruas da Lapa a fim de chamar atenção do público para ação violenta da Polícia Militar durante as diversas manifestações que aconteceram – e ainda acontecem – no Rio, e também se apresentaram na Aldeia Maracanã, em prol da preservação da cultura indígena no local. Durante o show, no último domingo, leram um manifesto destacando que a revolução não será televisionada. Uma mensagem entre músicas, para refletir e promover ação. Afinal, esse é um dos papéis da arte: formar e transformar.
Os Siderais não precisam de palco, e não fazem um show apenas para ser assistido, mas sim, um show que é construído junto. A banda se mistura ao público em algumas músicas, rompendo o espaço-distância entre platéia e banda. Uma pegada bloco de carnaval com jeito de manifestação artística, onde a própria formação da banda já colabora para um resultado original. Participam músicos, professores, antropólogos, biólogos, poetas, orbitantes siderais com as mais diversas formações.
Pulei durante o show inteiro e após o final da apresentação, ainda aproveitei um longo bis do lado de fora, debaixo dos arcos assim como havia começado. Dancei mais um pouco, vi um belo solo de tuba e voltei feliz para casa, pensando que bom que esses fragmentos celestes são cariocas.
Baixe aqui o EP Sideral.
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