Anfitrião NSG: Hayao Miyazaki em São Paulo
Quando fiz meu Anfitrião NSG sobre o Woody Allen, pensei: “agora vou passar um tempão sem escrever sobre diretores”. O problema é que na semana passada eu assisti no cinema a animação Vidas ao Vento, a última obra de Hayao Miyazaki (última mesmo, o mestre Hayao anunciou sua aposentadoria) e, como é de costume, me emocionei muito diante da narrativa apresentada pelo diretor e roteirista japonês.
Desde 2001, quando vi sua obra no cinema pela primeira vez — o vencedor do Oscar de animação A Viagem de Chihiro (imagem acima) —, Miyazaki tornou-se, no meu imaginário, um ser meio que sagrado. As cores e fotografias de suas obras realmente mexem muito com o meu emocional. A mitologia do diretor me ensinou, inclusive, a interpretar o mundo de uma forma muito diferente. Aprendi muito com seus personagens, como por exemplo a não ter medo do desconhecido com a Mei (do filme Meu Amigo Totoro, 1988), a não me limitar ao amor “humano” com a Chihiro (A Viagem de Chihiro, 2001), a levar menos a sério a minha própria aparência com Sophie (O Castelo Animado, 2004), a apreciar um bom lamen com o Ponyo (Ponyo — Uma Amizade que Veio do Mar, 2008) e, na semana passada, aprendi com o Jiro, personagem principal de Vidas ao Vento, que um ambiente não formata, necessariamente, um homem. Hayao, sua obra e seus personagens são tão sagrados para a minha pessoa que eu o “convidei” pra dar um rolê em Sampa e olha só a agenda que eu pensei.
Café da manhã no Urbe Café Bar
Quando viajo para o exterior, procuro mergulhar na cultura local e evitar ao máximo o contato com brasileiros. Partindo dessa premissa, pré-estabeleci que o último lugar que vou levar o mestre Hayao é para o bairro japonês da Liberdade. Começarei meu dia no café Urbe, tomando um bom espresso com pão de queijo. O lugar também tem um grafite enorme no meio do salão, além de cartazes espalhados por todos os lugares e desenhos e mensagens escritas em giz pelas paredes. É um lugar sério, porém fun. E o mundo do meu convidado é fun.
Voltinha matinal na GEEK.ETC.BR
Como o Urbe fica na região do baixo Augusta, pensei em dar uma caminhadinha leve, que respeite os 73 anos do meu convidado, até o Conjunto Nacional e lá dar uma passadinha na GEEK.ETC.BR, uma verdadeira fonte viva de referências apreciadíssimas pelo autor, tanto ocidentais, como orientais. O ponto alto dessa voltinha seria a passagem pelo segundo andar, onde ficam as graphic novels da loja, uma de suas especialidades. Afinal de contas, estamos falando de um convidado que passou 12 anos escrevendo e desenhando o renomado mangá Nausicaä do Vale do Vento.
Ainda respeitando os 73 anos do convidado, eu sairia do Conjunto Nacional e caminharia até o restaurante Spot (ok, talvez teríamos que ir de táxi). O Spot é, sem dúvida alguma, um dos restaurantes mais bonitos da cidade — cercado de prédios espelhados altíssimos, do lado de uma pracinha com um chafariz com luzes multicoloridas e com um projeto arquitetônico com paredes de vidro, assinado pelo renomado André Vainer. Acho que seria importante levar Hayao para almoçar em um lugar tão relacionado com a harmonia estética. Já pensou se ele usa esse lugar como inspiração pra criar alguma obra? Tipo, “A Menina e o Restaurante de Vidro”.
Tarde no Instituto Tomie Ohtake
O Instituto Tomie Othake seria o lugar em que desfrutaríamos a nossa tarde. É um lugar moderno, que sempre tem ótimas exposições, que vislumbram apresentar tendências artísticas, além de ter uma livraria bem bacana e um lugarzinho para sentarmos e tomarmos um sakê (o “homi” tá “véio”, mas “num” tá morto). Aliás, esse seria o momento em que eu sacaria uma folha de papel e um lápis e pediria para ele desenhar um Totoro para mim. Imagina ter um Totoro desenhado pelo próprio Miyazaki? Eu ia mandar emoldurar na mesma hora.
Noite no Bar Brahma do Aeroclube
O Bar Brahma do Aeroclube é aquela coisa: o chope é de qualidade duvidosa (acho que os caras não sabem tirar, sei lá), 90% das vezes que vou lá a música é uma merda (na minha modesta opinião), mas o pai do Hayao trabalhava com peças de avião, na Miyazaki Planes, que era do seu tio. Durante toda a obra do desenhista japonês, aviões sempre foram muito presentes em seus filmes. Maquinários “malucos” também foram constantes em seus traços.
No caso desse bar, é um hangar que foi reformado, penduraram um avião no teto e você ainda pode ver aviões decolando enquanto saboreia bons petiscos. Acho que seria válido dar uma passada por lá: tudo em nome do fascínio de Hayao Miyazaki por máquinas voadoras.
O Castelo Animado Vidas ao Vento Porco Rosso
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