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Um lugar de gente grande

por Adolfo Caboclo, 5 de fevereiro de 2013

Fernanda Miranda | Não Só o Gato
Foi no Jazz After Dark, no meio da boêmia londrina do Soho, que na última 6ª feira nos embriagamos e como sempre, não foi só de mojito, mas também de um rebuliço de “informações joinhas” que rondam nossas mentes quando descobrimos “novas terras”.

Conhecemos a casa ao acaso. A ideia inicial era irmos curtir um som em um lugar famoso e pomposo, e aí que minha amiga da Tunísia, a Zohra – que significa “Rosa” na língua dela, mas que não é flor que se cheire – sugeriu o After Dark. E jazz, jazz é aquele negócio, aquele que é da pesada. Aquela parada atemporal que bomba na vitrola do meu avô e no Iphone do meninão, que toca no jantar do granfino e nos recantos sujos da farra e é de um desses recantos sujos que estamos falando!

Fernanda Miranda | Não Só o Gato
Uma entradinha com neons, e talvez pela luz, talvez pelo clima oitentista, eu tenha me sentido no filme “Drive”(2011). Ao mergulhar no estabelecimento percebi que ainda eram 19h, a casa estava vazia. Pegamos uma mesa no pit stop, em frente ao palco. É um lugar minúsculo, com no máximo 10 mesas, escuro, sufocante, que cheira a cerveja e com duas peculiaridades em meio a cafonice de sua decoração: matérias e mais matérias de jornais anunciando aonde estávamos e inúmeros quadros e fotos da Amy Winehouse abraçada com o carequinha que nos recebeu na porta, o dono da parada, Sam Shaker.

 

Papeando com o garçom, amigo e confidente, descobri que a Amy realmente já cantou muito por lá no início de sua carreira, é muito querida por todos e tem uma dívida de gratidão com casa – uísque fiado, talvez rs.

Constatei tudo isso antes da casa lotar, de pessoas fazerem fila na porta sem conseguir entrar.

Lembro que alguns meses atrás eu, ingenuamente, me julgava “mini-malandro”, mas aí o mundo nos mostra que não sabemos nem responder as perguntas do barman sobre o preparo do drinque pedido, mas aí vemos o nipe dos caras no Jazz After Dark, suas rugas e barbas grisalhas peculiares, seus músicos que parecem ter acabado de chegar de um happy hour com o Keith Richards. Uns músicos que mandam uma “jazzera” e nunca serão “senhores”, tem a honra de serem chamados de “velhos”, uns velhos doidos, que seguraram a noite fortíssima até o final. Talvez a Amy seja a prova que o negócio de Jazz After Dark, realmente, é da pesada.

Fernanda Miranda | Não Só o Gato

Adolfo Caboclo

Artista e pugilista. @adolfinhocaboclo

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