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A história de uma marca

por Adolfo Caboclo, 12 de abril de 2013
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Um índio chegou para o Grande Xamã da tribo e perguntou o motivo de sua infelicidade, então, com um olhar fixo que atravessava a fumaça do cachimbo foi questionado: “quando você parou de contar histórias?”.

Creio que histórias são as narrativas, de ícones e fatos, que constroem o homem. Narrativas que vieram de bárbaros ao redor de fogueiras, de ditadores perante seus seguidores, guerreiros espantando seus medos, escritores que brincam com o real e com o lúdico, sacerdotes que impõe suas verdades, ativistas que encontram um ideal, do avô com sua nostalgia duvidosa e também, atualmente, da grande marca que surge em uma fatia da mente e do coração de quem convive com ela.

Fato é que as “grandes narrativas”, atemporais e imutáveis, estão perdendo espaço para histórias mais breves e coerentes com a realidade humana: a visão política radical ou a religião cega perdem espaço para questões pontuais e formas de espiritualidade subjetivas, por exemplo. No caso das marcas, estas devem constantemente ter uma “narrativa” coerente e respeitosa com a vida das pessoas e é partindo dessa premissa que eu quero contar a minha história em Amsterdã, no Heineken Experience.

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Falo da Heineken por ela fazer sim parte da minha vida, por entrar na minha casa em forma de música antes das partidas da UEFA Champions League e por muitas vezes ser uma das opções que tenho em meus momentos de descontração com os amigos. Ela sempre foi uma pequenina história no meio das infinitas que me forjam a cada instante. Porém algumas das minhas histórias mais queridas são minhas viagens, e entre minhas viagens mais especiais está a minha ida pra Amsterdã. Nesta cidade um dos meus bons momentos foi na Heineken Experience, que fez com que a história da marca na minha vida ficasse um pouco maior…

Segui as margens de um dos muitos canais da cidade e me deparei ao acaso no local heinek6que foi a primeira cervejaria da marca, uma construção enorme de 1867, que hoje funciona como um “museu” que conta – pelo menos a parte romântica – a história de sua cerveja. Comprei um ingresso para poder explorar esse lugar, ganhei uma pulseirinha verde com três bótons cravados e entrei.

De cara vi algumas propagandas antigas e um vídeo projetado nas paredes, formando um “bar virtual”, com um barman contando uma introdução sobre a marca. Percorri um caminho com inúmeros objetos antigos, garrafas históricas da cerveja, um leão dourado de Cannes por uma propaganda de 1995 e itens do universo cervejeiro que não se encontra mais.

Depois disso me deparei com um homem na frente de grandes tonéis de cevada, lúpulo e outros “ingredientes” cervejeiros, que me explicou brevemente como funcionam os processos e tudo mais para a fabricação. Foi nessa hora que comecei a ficar encantado com a minha experiência. Sei que mostrar processos de como a cerveja é feita é uma etapa óbvia de um “experience” cervejeiro, mas mesmo sendo óbvio, me encantei. Assim como depois me encantei pelos enormes tonéis bronzeados da antiga cervejaria.

Achei um pouco “encheção de linguiça” algumas ambientações de baladas que vi pela frente, mesmo que em muitos ambientes tivessem jogos interativos e “divertidinhos”, realmente não os achei dignos de estarem lá.

Um dos pontos altos do passeio foi quando entrei em uma sala de cinema e me senti “como uma cerveja” em seus processos de fabricação, ou seja, na tela do “cineminha” via em ”primeira pessoa” a cerveja sendo fabricada e enquanto, por exemplo, o chão da sala tremia, ocorria uma etapa de transporte. A sala esquentava com aquecedores em momentos de torra e a área era tomada por bolhas de sabão no momento de fermentação. Como entretenimento funcionou perfeitamente.

Depois disso fui a uma sala onde aprendemos com um profissional a degustar a cerveja heinek8
(finalmente rs) e quanto aos três bótons que estavam na minha pulseira, pois bem: dois eram pra trocar por copos de cerveja. Justo. O terceiro valia como ticket para pegar um barco todo customizado atracado na frente do prédio. Nele fui de carona pelos canais de Amsterdã até a loja da marca que ficava a alguns minutos navegando e lá na loja recebi um presentinho pela visita.

Convenhamos que é uma história. Não uma história tão bonita quanto as que o mundo carece, mas uma pequena história, que está sim presente na minha vida e, se essa história não me fez um homem com menos problemas ou mais nobre, realmente me fez um turista e um publicitário um pouco mais feliz. Ponto pra marca.

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Fotos por Adolfo Martins e Fernanda Miranda

Adolfo Caboclo

Artista e pugilista. @adolfinhocaboclo

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