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Fui pra Holanda ver duendes (e não fumei maconha)

por Deborah Fernandes, 10 de abril de 2014
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Eu sei, eu sei.  Tem os coffee shops. Tem as baladas do  Red Light District. Tem as bicicletas. Tem Van Gogh. Tem prostitutas na vitrine. Tem moinhos. Tem tulipas (apesar de eu não ter visto nenhuma). Tudo isso a Holanda tem. O que eu não sabia é que a Holanda tem também o Castlefest, uma convenção anual de duendes, bruxas, fadas, elfos, faunos, sereias, steampunks, etc. E bota et cetera nisso! Quando soube, precisei ir lá ver.

São três dias de festival com camping incluso — mas a maioria dos visitantes vem dos arredores de Lisse mesmo, a cidade onde acontece o evento. Segundo as informações do site, eu deveria ir para Amsterdam, pegar um trem pra Hillegom e, quando descesse na estação, veria um ônibus fazendo o shuttle pra festa. Fiz tudo direitinho, mas quando cheguei, às 10 da manhã, não vi ônibus. Nem nada, nem ninguém.

Sentei do lado de fora da estação com um mochilão nas costas e uma asinha de fada na mão e esperei o tal ônibus aparecer. Me senti Harry Potter. Duas horas depois e nada de ônibus. Me senti desesperada. Até que parou um carro com um monte de balangandã e duas meninas ruivas dentro, que conversavam entre si e apontavam pra mim. Uma delas desceu, veio na minha direção e disse algo que soou como “Awhchusztansteinliebrdnefest?” Eu disse que não falava Dutch e ela perguntou de novo, em inglês, se eu estava indo pro Castlefest. Eu disse que sim, que estava esperando o ônibus. Ela riu e disse que o primeiro ônibus só sairia 10 da noite, mas que elas ficariam felizes em me dar uma carona. A magia começava.

E se você for uma pessoa com pelo menos um pouquinho de pirlimpimpim no coração vai entender quando eu digo que o Castlefest é um encontro de magias. A magia de um mundo cheio de cores e criatividade, a magia de rostos exuberantemente maquiados sorrindo para todos que passam, a magia de figurinos cuidadosamente confeccionados com brilhos, luzes e até mesmo sons, a magia de tambores pagãos e danças celtas, a magia dos primórdios do folk europeu inspirando a incorporação de qualquer criatura feérica que a sua imaginação mandar, seja qual for a sua idade humana. De criancinha até vovô barbudo, todos dançavam serenos e sorridentes, unidos pela magia.

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As atividades eram das mais mirabolantes possíveis. Exposição de falcão, oficina de arco e flecha (para aprender a confeccionar e atirar), workshop de malabarismo, degustação de hidromel, aulas da dança folclórica francesa, palestras sobre técnicas para escrever contos fantásticos — infelizmente ministradas em Dutch, mas tudo bem, eu estava vivendo meu próprio conto fantástico, o que é muito melhor do que escrever. Para qualquer lugar que eu olhasse me deparava com uma intervenção nonsense, como um mercador turco dourado querendo me vender pashimina, uma boneca de 1,70m me pedindo para dar corda nela pra que ela pudesse dançar, criaturas verdes perguntando se eu queria um abraço, uma múmia me oferecendo bolo, uma vampira steampunk pedalando uma bicicleta com uma caravana acoplada na traseira onde dentro vinha uma bruxa vendendo absinto. E música, muita música. Com harpa, flauta, tambor e hurdy gurdy.

Existe uma lenda celta sobre um lugar chamado Tir Na Nóg — que em português seria algo como Terra da Eterna Juventude — uma dimensão paralela cheia de alegria e abundância, onde todos são jovens para sempre. O problema de se descobrir o portal para esse lugar é que lá o tempo passa de maneira diferente do nosso. Se entrar é melhor não voltar, porque algumas horas em Tir Na Nóg significam décadas na Terra. O irlandês Oisín, por exemplo, foi lá dar uma curtida, mas enjoou de tanta magia e resolveu voltar pra realidade. Foi só pisar no mundo real que Oisín percebeu que se passaram 300 anos aqui e imediatamente morreu de velho.

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Depois de três dias de imersão num paraíso encantado celta, eu precisei trazer meu corpo de volta para o Planeta Terra. Mas meu espírito preferiu não desafiar a lenda. Para não acontecer a mesma coisa que aconteceu a Oisín, ele decidiu ficar dançando para sempre no Castlefest.

Se você quiser botar sua alma pra dançar com as fadas também, toma aqui o link de uma música do Omnia, o headline no Castlefest e uma das minhas bandas mais amadas:

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Deborah Fernandes

Carioca atípica que traz um toque nordestino no sotaque e São Paulo no coração. É fascinada por música folk de toda e qualquer origem, principalmente quando misturada ao heavy metal. Tem uma paixão levemente doentia por cachorros, especialmente seu dachshund chamado Oswaldo. Acredita em fadas.

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