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Galpão Cultural em Curitiba

por Adolfo Caboclo, 9 de julho de 2013
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IMG_0340Final de semana retrasado, a convite de um amigo, fui desbravar Curitiba e, como sua fama sugere, descobri que a cidade com a melhor qualidade de vida tupiniquim exala civilidade.
Lá eu senti algo “mezzo Madrid, mezzo Campinas”. Com algumas pessoas tão tímidas e educadas, que te falam “desculpa” umas três vezes ao pedirem “emprestada” uma cadeira de restaurante vazia na sua mesa enquanto você come.
Porém, no meio dessa coisa de primeiro mundo latino americano, senti por alguns instantes que não acharia nenhuma “experiência curiosa” vinda de lá. Isso porque tudo na cidade buscava a perfeição, todas as coisas são tão bem planejada, com restaurantes arrumadinhos, bares com boa música e parques bem cuidados, que ficou difícil encontrar em apenas um final de semana algo que destruísse essa estética tão harmônica. Foi apenas no domingo de tarde, perdido pelo centro da cidade, que o acaso me apresentou um galpão todo grafitado, com ondas de música eletrônica saindo de suas frestas. Fui espiar e lá, na frente do galpão, eu conheci uma moça, a Lúcia, que também por acaso é a produtora do espaço.

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O que acontece por lá é o seguinte: uma construtora da região chamada Thá Engenharia, comprou o galpão velho para construir um prédio nesse terreno, e esse prédio terá apartamentos studio com todo um apelo artístico “cultzinho”, então, antes de começarem as obras e derrubarem tudo que tem lá, os caras revitalizaram o galpão, que em outros tempos era utilizado por viciados em crack e agora, por alguns meses entre abril e agosto, irão realizar atividade que possuem conexão com o conceito do prédio. Como case eu achei bárbaro, uma sacada que chama atenção dos principais stakeholders e, como disse anteriormente, é uma pitada de “loucura” em uma “cidade de lucidez”.

IMG_0324Ao entrar lá, me deparei com um lugar muito amplo, algumas paredes de tijolos, outras grafitadas, um DJ que tocava house e, posteriormente, uma banda de indie. Aos meus olhos foi impossível não lembrar de Londres. Foi aí que agucei meu olhar e comecei a reparar nos detalhes e vi no teto do galpão uma obra de arte que era como se fosse um varal em forma de teia de aranha cobrindo tudo, com alguns vestidos pendurados, uma composição muito interessante. Descobri que ela foi feita pela Lisa Simpson, que não é uma personagem de desenho animado que foi engraçado nos anos 90, mas uma artista local/internacional que faz um som com o seu instrumento, uma máquina de costurar. Além da parte artística, consignaram o espaço para a venda de várias coisinhas. Acessórios de moda, roupas, uma companhia de telefonia celular, um café, espaço para massagem e até mesmo uma caricaturista prestava seus serviços por lá.

IMG_0327No domingo em que prestigiei o espaço, estava rolando o Lab Moda Conceito, que como eram desfiles de moda conceituais, não me sinto com repertório o suficiente para avaliar e comentar aqui, mas assumo que o público que prestigiava o evento me chamou mais atenção do que o pessoal da passarela. Era um tal de cabelos brancos “à lá tempestade dos X-Men”, ternos diferentes, suspensórios, um povo muito moderninho. Estes também contribuíram, e muito, para a atmosfera do galpão ser incrivelmente transada.

A real é que foi um barato, no meu último dia em Curitiba, após um banho de lugares históricos e parques modelos, ver algo tão “fora da caixa”. Como publicitário, me encantei com o case que o esse galpão virou e, como turista, encontrei a cereja do bolo do final de semana em uma das cidades mais bacanas que já conheci. Curitiba, pode esperar, que eu pretendo voltar!

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Fotos por Adolfo Martins por Iphone 4S

Adolfo Caboclo

Artista e pugilista. @adolfinhocaboclo

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