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Laje de Santos: um grito de vida ensurdecedor que ecoa pelo mar

por Gustavo Furuta, 24 de março de 2014
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Ontem, 22 de março, foi o Dia Mundial da Água. Por isso, resolvi comemorar “brindando” toda a abundância desse líquido precioso, que representa dois terços de nosso planeta, ao escrever esse texto.

Com certeza, diante de tanta água, não faltam motivos para tal comemoração. Porém, o real objetivo desta data, estabelecida em 1992 pela ONU, foi criar oficialmente um dia para refletirmos sobre o quanto temos (ou não temos) preservado este bem natural e, além disso, propormos, discutirmos e elaborarmos medidas práticas para seus cuidados. Realmente, vale a pena pararmos e refletirmos sobre como as coisas têm caminhado e o rumo que suas consequências podem tomar, afinal, neste último verão sem chuvas, por exemplo, a reserva da Cantareira, na zona norte da capital paulistana, operou com menos de 15% de sua capacidade total. Todo o racionamento que ocorreu aqui em São Paulo nos dão uma amostra de como a situação pode “ficar feia” e bem trabalhosa.

Justamente por isso, hoje eu os convido a ter alguns momentos de reflexão, e até mesmo um exercício de imaginação. De imaginar águas tranquilas e cheias de vida. Vidas de todas as cores, formas e tamanhos.

Imagine então um local com águas cristalinas, onde a visibilidade embaixo dela gira em torno de 20 metros — com um, dois, dez, 50, 90, 300, incontáveis peixes que parecem entrelaçar-se ao seu redor e tartarugas que “plainam” numa imensidão azul esverdeada. Enquanto isso uma arraia repousa no solo marinho e um casal de lagostas sai da toca entre as pedras como se te saudasse. Algas “dançam” com o movimento suave das correntezas. Tudo isso regado ao barulho ensurdecedor de um profundo silêncio, onde as únicas ondas sonoras presentes ecoam da sua própria respiração. Assim, a sensação que se tem é a de um grito de vida ensurdecedor que se espalha pelo mar.

Lindo, não? Este cenário imaginário poderia ser encontrado em um aquário ou em algum parque da Flórida. Mas não. O lugar que descrevi existe, foi visitado por mim e fica na cidade de Santos. Difícil de acreditar? Pois é, eu também sempre achei que as águas de Santos não fossem as melhores para um belo mergulho e banho de mar, mas toda essa impressão se foi, literalmente, por água abaixo (piada sem graça mas pelo contexto eu tinha que fazer, entende? rs).

Esse local de águas abençoadas e paradisíacas é chamado de Laje de Santos, e se encontra a 42 km da costa (se leva em média 1h30 min de lancha até o local). Região que faz parte do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos (PEMLS), criado em 1993 e considerado o primeiro parque marinho dentre as unidades de conservação do estado de São Paulo.

É muito gratificante saber que existem pessoas que lutam pra preservar toda a vida marinha abundante deste lugar. Entre elas, a galera do Instituto Laje Viva — uma ONG criada por mergulhadores indignados com a pesca e caça ilegal que existiram anos atrás na região. Fundada em 2003, o Instituto possui interessantes projetos de conservação dos ecossistemas marinhos, além de promoverem e executarem projetos de turismo sustentável. Um trabalho louvável e que nos permite entrar em contato com este inacreditável mundo submerso.

Espero que este breve e apaixonado texto tenha sido capaz de te remeter a algumas reflexões de preservação e despertado seu interesse em realizar esta experiência que realmente é muito difícil de descrever. A Laje de Santos é um lugar super acessível e que merece ser prestigiado. Com um pouco de atraso, desejo um feliz dia da água e, claro, muitos mergulhos para todos.

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Gustavo Furuta

Gustavo Henrique Furuta nascido em Jaú, perigrinou 5 anos por Ribeirão Preto, onde graduou-se em fisioterapia. Veio a São Paulo em 2011 para se Especializar na profissão e desde então tem permanecido na Terra da Garoa. Saudosista do interior, acredita que a paisagem de um horizonte + o pôr do sol nada mais é do que um sussurro divino: "amanha tem mais!"

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