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Parque Augusta já! Sanciona Haddad!

por Fernanda Miranda, 16 de dezembro de 2013
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“Você praça acho graça, você prédio acho tédio”. A mensagem grafitada na frente de algumas construções da cidade de São Paulo se tornou um irônico dilema para o prefeito Fernando Haddad. Isso porque, no dia 27 de novembro, a Câmara Municipal aprovou, em segunda votação, o projeto de lei 345/ 2006 que prevê a criação do Parque Municipal Augusta. Desde então, o prefeito tem 30 dias para sancionar o projeto. Caso contrário, a área verde de 24 mil m², localizada entre as ruas Caio Prado e Marquês de Paranaguá, com mais de 600 árvores — muitas centenárias —, se tornará dois ou três prédios comerciais feitos pelas construtoras Cyrela e Setin, atuais donas do terreno.

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A partir desta triste novidade, muitas pessoas se mobilizaram para pedir ao prefeito paulistano a aprovação da lei. E, já que nós aqui do site somos frequentadores assíduos da rua Augusta, e também achamos “graça em praça”, vimos como nossa obrigação engrossar o coro pelo sancionamento do projeto de lei. Foi daí que surgiu o interesse de participar do 1º Festival Parque Augusta, que propunha pressionar o prefeito a aprovar a lei em questão. A festa rolou há dois finais de semana, nos dias 7 e 8 de dezembro.

No sábado, chegamos no festival no fim de tarde, onde uma atmosfera de paz, absolutamente deliciosa, estava presente no ar. Como visitantes de primeira viagem, a impressão que tínhamos de fora era de que aquela área carecia de verde. Entrando lá, percebemos que estávamos enganados. No Parque Augusta, a sensação de estar imerso na natureza é muito maior do que em qualquer parque maior da cidade, como os imensos Ibirapuera e Villa Lobos. A mata fechada e aquelas copas de árvores — virgens e imensas — faz a gente esquecer que estamos a poucos metros do concretismo da grande rua da Consolação.

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Naquela noite, o Voodohop estava rolando solto em plena “selva”. Ao mesmo tempo, em outro canto do parque, uma peça estava sendo encenada. E mais a frente, uma banda de rock se apresentava. Saímos de lá, no final da festa, com um gostinho de “quero mais”.

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Por isso, no dia seguinte, repetimos a dose de festival. Vimos Edgard Scandurra ao lado do ótimo (e fofo) grupo Pequeno Cidadão, piqueniques por todos os lados, mais festa entre as árvores, mais teatro, mais shows, e principalmente, mais pessoas fazendo coro ao propósito da festa  — a criação do parque.

No final da festa, às 22h do domingo, ficou bem claro que as pessoas não queriam parar de dançar e de protestar. Nesse momento foi muito bonito ver o sentimento de pertencimento de todos que estavam no local. Ao anunciar o fim da festa, na escuridão da noite, todos os festeiros pegaram sacolinhas plásticas, acenderam a lanterna do celular e começaram, voluntariamente, a recolher os lixos deixados no chão. Naquele esquema: nos divertimos aqui, brincamos aqui, mas também somos responsáveis por este espaço.

Ao som de uma banda animada, todos continuaram a festa lá de fora do parque, na rua Caio Prado. A celebração tomou as ruas, junto aos pedidos de apoio aos carros que passavam ali. Com certeza foi um dos momentos mais bonitos e marcantes que já vimos na nossa cidade.

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Saímos do festival com uma só sensação: aquela área verde, e toda a força e momentos de prazer que ela vem dando aos moradores da cidade, não pode ser derrubada. Como disseram por aí, enquanto Nova York recupera a High Line e Londres cria a Garden Brigde, em terras paulistanas as poucas áreas verdes que nos restam vão abaixo por “falta de dinheiro”. Até quando? Sanciona Haddad!

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Fotos por Adolfo Martins e Fernanda Miranda

Fernanda Miranda

Recém-formada em jornalismo e editora do Não Só o Gato. Ama história em quadrinhos, os textos da jornalista Eliane Brum, as trilhas sonoras dos filmes do Woody Allen e azeitonas.

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