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“No meio do caminho tinha uma pedra”

por Adolfo Caboclo, 5 de dezembro de 2012
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Em papos com a querida Denise Constantino aprendi muito sobre a harmonia das coisas e a correlação entre os elementos que regem nossas vidas. Entendi que, desde sempre, é necessária a conversa entre todos os campos do conhecimento. Como os alquimistas antigamente, que buscavam no estudo da química, antropologia, astrologia, magia, filosofia, metalurgia, matemática, misticismo e religião, novos caminhos, sempre com a certeza que um conhecimento validaria o outro.

Outra pessoa que me disse algo parecido foi o filósofo Humberto Rohden através de seu livro “Einstein – o enigma do universo”, onde apontou a existência de quatro campos do conhecimento, os quatro “M”s, – matemática, metafísica, misticismo e medicina –  que quando elevados a um nível que nós, meros humanos, não temos a capacidade de compreender, elucidariam todas as questões que possuímos em relação a existência, mais uma vez, um conhecimento validaria o outro. Partindo da premissa que acabo de comentar, sobre a correlação e a pluralidade de tudo que nos cerca, tentarei expor a minha experiência com Stonehenge.

Adolfo Caboclo | Não Só o Gato
Stonehenge é um círculo de pedras enormes criados a cerca de 5 mil anos atrás, no sul da Inglaterra.Um emaranhado de hipóteses e conclusões. Um lugar onde o engenheiro tem um ponto vista, o astrônomo outro, o arqueologista mais um, assim como o astrólogo, ufologista, geólogo e outros mais.

É fácil entender porque tanta gente não entende Stonehenge. Ele possui algumas pedras que pesam umas 25 toneladas, estas pedras são oriundas de um lugar que fica a mais ou menos 20 quilômetros de distância e, além disso, estão dispostas de uma forma que conversam com o movimento do Sol e da Lua. Tudo isso construído quando ainda faltavam milênios para Jesus nascer. Realmente é pra ficar com a pulga atrás da orelha.

Adolfo Caboclo | Não Só o Gato
Semana passada assisti um documentário sobre a influência da Lua sobre a Terra e lá falavam sobre Stonehenge, conversando com a rotação do nosso satélite natural, e ao pesquisar na internet vejo que  todo dia 21 de junho o sol fica perfeitamente alinhado com sua pedra principal, nem precisaria de tanto palpiteiro para afirmar a primeira coisa que pensei sozinho: “isso só pode ser obra de um E.T.”. Mas aí a gente pesquisa um pouquinho mais e vê que isso poderia sim ter sido puxado por tração humana e se não sabemos como isso foi feito, o mesmo podemos dizer sobre a sua utilidade: templo? Observatório? Estacionamento? Local de sacrifícios? A primeira “arena multi-uso” da história?

A verdade é que conhecer Stonehenge, pra mim, foi maravilhoso e frustrante. Uma pena enorme existir uma estrada tão perto do local, a imagem e barulheira de carros e caminhões detonam toda a atmosfera do lugar. Também não me senti justiçado ao pagar o ticket de entrada, mas nem tudo é reclamação neste relato, muito pelo contrário.

Adolfo Caboclo | Não Só o Gato
No caminho para o local e em seus arredores é possível apreciarmos tons maravilhosos de verde, – o verde do Reino Unido é muito diferente do verde do Brasil, é como tirarmos uma foto do Instagram de um pasto na beira da Via Dutra e colocarmos o filtro “1977”. Não é um verde escuro, é um verde puxado pro bege – além da presença de muitas ovelhas e corvos.

O local em si é impressionante, me deliciei tirando dezenas de fotos, porém toda a sua “energia mística” me pareceu dissipada. Não senti um arrepio, mas um vazio. De todos os conhecimentos que Stonehenge exige para o entendermos e absorvê-lo, – após notáveis 5 mil anos de existência – o que talvez tenha me chamado mais atenção do que gostaria nasceu recentemente, e é a “ciência do business“. E é aí que relembro daqueles papos que tive com a Denise e torço para que daqui a alguns anos voltem a ver que tudo está interligado…

Adolfo Caboclo | Não Só o Gato

Adolfo Caboclo

Artista e pugilista. @adolfinhocaboclo

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