A Arte de Viver
Em uma aula, com o filósofo Clóvis de Barros Filho, escutei que se por um acaso já tivessem descoberto a fórmula para a vida boa, o caminho para a felicidade incondicional, a tristeza já teria sido erradicada do mundo. Uma experiência de vida bem sucedida não pode ser simplesmente transferida para outra pessoa. A subjetividade do cosmos e o livre arbítrio fazem com que cada indivíduo tenha 360 graus de caminhos para trilhar e, em cada trilha, um virar de costas para inúmeras outras.
A “trilha” que desbravo neste momento foi descoberta recentemente. Em uma madrugada melancólica perante a televisão, senti meu celular vibrar. Era uma mensagem da minha amiga: “Vamos fazer um curso de meditação? Começa amanhã.” Na hora pensei, respirei fundo e respondi “sim”. Essa seria apenas a primeira de muitas respirações profundas que viriam…
No dia seguinte fui ao curso em uma casa com ares de “casa da vovó”, no coração de uma ruela sem saída. Foi lá que conheci a fundação Arte de Viver e vi pela primeira vez a Thaise, que foi a minha instrutora durante aqueles seis dias. Lá também conheci pessoas que partem da premissa de que o suspiro do apaixonado e o ofegar do raivoso nada mais são do que o padrão momentâneo do nosso cérebro ditando a respiração. Logo a respiração também poderia ditar o cérebro. Então, durante esses seis dias eu respirei, respirei muito. Fiz da ioga e da meditação atividades presentes na minha vida. Aprendi coisas lindas e tive experiências absolutamente subjetivas.
Uma vez a Thaise comentou que já fez publicidade, mas decidiu parar. Que saiu da casa dos pais e foi morar na sede da Arte de Viver. Perguntei o que a levou a fazer isso e ela, com um olhar para baixo e levemente para o lado, puxou as lembranças da memória e disse que “foi um processo”. Ela ganhou de uma amiga, em dezembro de 2008, o mesmo curso que eu fiz, o YES! Plus, e assim como eu, chegou sem saber exatamente o que era a Arte de Viver.
“Eu era fumante e durante o curso, durante as técnicas, eu senti que o meu pulmão estava muito defasado. Falei “nossa, preciso parar de fumar”, então a primeira coisa que aconteceu foi parar de fumar”. E assim a Thaise começou a me contar sua história que, como em toda mudança, mesmo que seja para melhor, teve os seus primeiros passos com algum esforço.
“Nossa, quantas vezes eu sentei na mesa do bar com os amigos e bebi porque eu tinha que beber, e não porque eu queria. Então eu comecei a tomar consciência disso e diminui um pouco. E eu vinha nos cursos, como voluntária, mas aí depois de um tempo eu tive uma recaída, que eu falo que é quando eu fiquei “Out de Viver” (risos), e aí eu parei de vir nos encontros. Fui no Universo Paralelo, enfiei o pé na jaca muito bem enfiado”.
Nesse momento um sentimento de alívio pairou em mim. Por mais óbvio que seja o fato de que a vida é feita de processos, passei a ver a beleza da construção e da reconstrução das pessoas. Era muito bacana imaginar que a minha instrutora, de tantas meditações e rosto constantemente radiante, percorrera um caminho que tantos se identificam.
“E aí eu fique alguns meses sem vir”, continuou a Thaise com um sorriso firme no rosto, “e a Paulinha, que é instrutora, me ligou, em um domingo que eu estava de ressaca. E ela falou que no dia seguinte, numa segunda-feira, iria começar uma série de vídeos de conhecimento lá na sede do Arte de Viver. Toda aquela energia, aquela empolgação, e eu “tá bom, que horas?”.
“Vai ser seis e meia da manhã e a gente vai assistir os 33 vídeos seguidos”, eu falei “tá bom”. Na minha mente, o máximo que iria acontecer é que eu não iria na terça-feira. Na segunda, quando eu terminei os vídeos, eu pensei, “nossa, por que eu parei de vir, por que eu parei de respirar?””.
Depois disso, a narrativa da Thaise demonstrou um processo muito mais fluído. Ela contou que a Paulinha a convidou para fazer o curso de instrutores, ela fez esse curso com duas instrutoras que vieram da Índia e dia após dia as coisas foram acontecendo. Ela parou definitivamente de fumar, beber, comer carne, e com o tempo foi convidada para, além de dar cursos, morar na sede da Arte de Viver. Também, durante o curso que fiz e este papo que batemos, falou bastante do guru da Arte de Viver, o Sri Sri Ravi Shankar, também chamado de Guruji (uma forma indiana de mostrar respeito e ao mesmo tempo proximidade), que é uma dessas pessoas que mudam o planeta de alguma forma, transmitem um conhecimento que busca melhorar a vida das pessoas.
E quando me lembro da aula que tive com o filósofo do começo desse texto, lembro da parte em que ele concluiu a sua ideia falando que não existe uma fórmula para a “vida boa”, mas que para a vida ter mínima chance de valer a pena ser vivida, temos que ter liberdade para escolhermos nossos caminhos. E o que me encantou com os ensinamentos de Guruji, através de sua Arte de Viver, foi justamente o fato de entender que independente do caminho, a vida sempre terá como primeira e última, a mesma ação: Respirar. Foi ter a consciência que a Thaise tanto me falou, de fazer escolhas por mim, e não por reivindicações de colegas. E assim começo alguns novos passos.
Como sempre falam lá na Arte de Viver, Jai Gurudev! (“Jai” significa vitória, “Guru” significa o maior, o mais elevado. “Dev” é a mente grande)
Obs: serei voluntário do próximo curso da arte, a Thaise será instrutora e gostaria muito de te ver por lá! Será do dia 2 até o dia 7/7. Inscrições aqui: https://www.facebook.com/events/395308837248327/?fref=ts
Comentários