Café Central – excelência reconhecida
O Café Central me proporcionou a noite mais agradável que tive em Madrid. Com a combinação de um bom ambiente e de um bom jazz imaginei mesmo que não iria me decepcionar, mas a experiência – e aí que está a graça – foi bem melhor que minhas expectativas, mesmo sendo muito grandes. Acontece que o meu professor de espanhol, o nosso “guia humano” aqui nessa cidade, sabe o que sugere, e acertou em cheio quando disse que iríamos amar o lugar.
Colada na Plaza de Santa Ana, a mais bonita da região (muito melhor que a famosa Puerta del Sol, que fica a cinco minutos de distância à pé), o Café Central nos faz um convite para ser desfrutado mesmo quando se está do lado de fora. Suas amplas janelas permitem ao transeunte admirar da rua o espaço aconchegante, o pequeno palco ao fundo com um grande piano de calda e o bar colorido que se prolonga por toda a extensão da casa.
Não sabíamos o que esperar daquela noite. E o que veio foi uma bomba. Músicos cheios de energia, vontade, talento e carisma. Uma união do saxofonista estadunidense Sax Gordon e dos espanhóis do Lluís Coloma Trio. Increíbles! Eu não sou uma especialista em música, longe disso, mas tenho que destacar o Lluís Coloma no piano. Tudo que ele tocava era hipnotizante, e até os mais tímidos não resistiam àquilo que ele reproduzia. Pouco a pouco eu reparava a alegria do público através de um gesto. Um com os pés balançando na batida da música, um outro se agitando na cadeira e uma senhorinha dando pequenos tapinhas na mesa, para acompanhar o piano. O mais desinibido se levantava e gritava sua alegria. O Café Central, depois que a banda começou, virou uma grande celebração, efeito mágico que a música é capaz de proporcionar.
Antes de começar o show ouvi uma conversa perto da minha mesa, entre uma canadense e um espanhol de Barcelona. Ela dizia que, embora soubesse que lá era um lugar para turistas, gostava muito do jazz e havia lido em algum lugar sobre a fama do bom jazz no Café Central. O espanhol a interrompeu dizendo que não, o café não é turístico. “O que acontece é que os turistas estão cada vez mais atrás de coisas diferentes e de qualidade e aqui é exatamente isso”. Exatamente isso! Segundo a Down Beat, revista norte-americana sobre jazz reconhecida mundialmente, o Café Central é considerado uma das 100 melhores casas de jazz no mundo. O único espanhol na lista. Não sei se rankings assim querem dizer muito, mas sentimentos dizem. E esse, sem dúvida, é uma das melhores casas de jazz que conheci (Até agora…).
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