Os habitantes do fim da rua
Nunca foi fácil mas ele sempre tenta distinguir o que se passa em vossos rumores.
Ouve essas vozes
todos os dias
debaixo desses mesmos sóis
de onde elas vêm
em meio ao mormaço
como o passo
de um pássaro que passa
(a batida da asa)
esses murmúrios
de onde, de onde
nada se sabe
tudo se ouve
só eles vão e vêm
primeiro se fazem ouvir
depois crescem
em coro e assim se vão
como se fosse delírio
do solitário receptor
em seu cotidiano árido
nunca foi fácil mas ele
sempre tenta distinguir
o que se passa em vossos rumores
presentes mas tão distantes
e ainda por cima
eles somem como se fossem
vozes do além
de onde vêm
de onde são
estou são e vocês
de onde vocês vêm
o que veem de qual ângulo
e até que ponto.
(Aqui sai uma voz,
essa sim do além de mim
e de todos os meus rumores)
Seriam dos vizinhos as vozes
os habitantes do fim da rua
local onde realizam
as festas tristes
já com data marcada
quando todos os moradores
se reúnem numa só voz!
Momento em que se desprende do corpo
o que tanto ela guarda
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