Quando não é leve
Texto escrito em setembro de 2009 para minha atual companheira.
Quando não é leve, te esfola.
Ganha luz além da morte.
Faz-te pedir água ou esmola
Fica azarado, mas com sorte.
Vem a ansiedade que degola.
Sua quimera tão mais forte.
Tua postura com outro porte.
Morre o homem tão gabola.
Quando não é leve, a paixão insiste.
No carro grita, perde a vergonha
Em um mundo em que só ela existe.
Mais que café, cerveja ou maconha.
Um almejar sem fim, que não desiste.
Na cama ou acordado, apenas sonha.
Quando não é leve, até chora.
Morre de medo do incerto.
Balança desnorteado toda hora.
Deseja teu dengo por perto
Compara o antes, depois e agora.
Fica mais bonito, de amor coberto.
Muito mais vivo, feliz e esperto
A paz entra, demônios vão para fora.
Quando não é leve, vem de qualquer jeito.
Estabanado, sem ver por onde anda.
Quebrando e enfeitando todo o peito.
Fica lendo livros velhos na varanda.
Não tem juízo, não faz nada direito.
Só lembra do nome chamado: ter banda.
(Este texto foi escrito em 2009, no início do relacionamento com a minha atual companheira e co-fundadora do Não Só o Gato).
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