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Repentinamente temporal

Felino na noite, urbano ou caiçara, sabe sempre onde para

por Flavio Lobo, 15 de novembro de 2020
,

Em meio à tempestade
disseram: “Um vulto!”
em cima do muro
logo compreendi
seus movimentos
os mecanismos felinos
da sua dança
em sincronia com a chuva
na noite úmida.

Fechou o tempo
abriram-se os poros
ele corre da chuva
mas dança com ela
onde essa fuga
vai dar alguma
cobertura
provisório abrigo
de se safar
traiçoeira tempestade
repentina do céu
um escarcéu.

Apruma-se quem pode!
Felino na noite
urbano ou caiçara
sabe sempre onde para
corre por cima do muro
o destino é sempre seguro
ao gato foi dada a permissão
de ter duas luas
o que o possibilita locomover-se
à noite como se fosse seu dia
a lua ele carrega na retina
e como brilha suas perenes
luas cheias! 7 dias
da semana sua vida
multiplica-se na madrugada.

Disseram que era um vulto
eu lhe vi sobre o muro
à procura de refúgio
na torrencial chuva
sua eterna busca
de paz se faz urgente
nesse instante
ele almeja apenas
um teto.

O vulto do gato
preto movimenta-se
funde-se com o céu
seu real abrigo?
De lá o pé d’água
pegou o felino
desprevenido tudo aconteceu
repentinamente
estar com ela o temporal
suas roupas coloridas
no varal a janela
da minha casa aberta

 

Musée Bonnard

Cartaz da exposição “Entre cães e gatos” que aconteceu em 2016 no Museu Bonnard. Quadro “La bestiarie”.

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