Dia de faxina
Acordei, fui ao banheiro e escovei os dentes.
Viva ao feriado de Nossa Senhora! Padroeira. Também é dia da criançada. Segunda mansa, mas com fé. Lá na cozinha, o dia começa com pizza fria e café. Dia de acolhimento, dia de faxina.
Fascina. Como a casa é cíclica? Toda semana elas voltam: poeira, migalhas e sujeira. Assim como incertezas. Mas hoje, tenho um dia inteiro.
Tenho disposição, saúde, saudades e um bom disco de Elza Soares – também o coração leve, bons amigos e um grande amor para fazer poeminhas.
Estou em um apartamento. Nele há apenas um ralo na área de serviço, mas quero cobrir o chão de água. Fazer dos meus pés ilhotas, fazer das águas purificação. Nunca dei um banho nesta casa.
Esfarelo detergente em pó no chão. Balde de escudo e rodo empunhado, me sinto o Napoleão do sabão.
Esfrega e tchá, tchá, tchá. Mais água! Splash. Marolas se dissipam em um trabalho sem fim, me enrolo para guiá-las ao ralo.
O cheiro da faxina me leva para outro lugar. Taubaté, casa de vó. Mangueira em um quintal daqueles tempos em que pensávamos que o planeta era infinito. Tardes quentes, brincadeiras ao rolar no sabão com meus primos. Decido que depois da faxina tenho que ligar para minha avó.
Vidros esfregados, cortinas e sofás aspirados, rodo e também pano passados. Pego o telefone, ligo para a avozinha.
– Oi vó, sou eu!
– Oi “fiinho”, estava lembrando agora de você no quintal.
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